República Socialista Soviética Autônoma dos Alemães do Volga

República Socialista Soviética Autônoma dos Alemães do Volga

Autonome Sozialistische Sowjetrepublik der Wolgadeutschen

Автономная Советская Социалистическая Республика Немцев Поволжья

RSSA da RSFSR

1918 — 1941 
Bandeira
Bandeira
 
Escudo
Escudo
Bandeira Escudo
Lema nacional Proletarier aller Länder, vereinigt Euch!

em português: Proletários de todos os países, uni-vos!

Capital Engels

História  
• 1918  Fundação
• 1941  Dissolução

A República Socialista Soviética Autônoma dos Alemães do Volga (em alemão: Autonome Sozialistische Sowjetrepublik der Wolgadeutschen; em russo: Автономная Советская Социалистическая Республика Немцев Поволжья, transl. Avtonomnaya Sovetskaya Sotsialistitcheskaya Respublika Nemtsev Povolj'ya) foi uma república autônoma fundada na Rússia soviética. Sua capital era a cidade portuária de Engels (conhecida até 1931 como Pokrovsk), às margens do rio Volga.

História

Streckerau, 1920 (Novokamenka)

Criada após a Revolução Russa, em 29 de outubro, por decreto do governo soviético, a Comuna dos Trabalhadores Alemães do Volga deu aos alemães do Volga um status especial entre os não-russos dentro da União Soviética.[1] Foi elevada posteriormente à categoria de república socialista soviética autônoma em 20 de fevereiro de 1924,[1] tornando-se a primeira unidade autônoma nacional na URSS. Ocupava a área densamente ocupada pela grande minoria de alemães que habitava a Rússia, que totalizada quase 1,8 milhões em 1897. A república foi proclamada em 6 de janeiro de 1924.

A RSSA dos Alemães do Volga era dividida em catorze cantões: Fjodorowka, Krasny-Kut, Tonkoschurowka, Krasnojar, Pokrowsk, Kukkus, Staraja Poltawka, Pallasowka, Kamenka, Solotoje, Marxstadt, Frank, Seelmann e Balzer.

Após a Revolução Russa os alemães do Volga, que eram profundamente religiosos (em sua maioria luteranos) entraram imediatamente em conflito com os revolucionários bolcheviques que se opunham a qualquer tipo de religião. Em 1919 pastores tidos como propagandistas e contrarrevolucionários foram presos e enviados para gulags na Sibéria.

Durante a Guerra Civil Russa alguns alemães do Volga se alistaram no Exército Branco, provocando ataques ferozes por parte do Exército Vermelho sobre comunidades alemãs na região. No pós-guerra a fome que varreu a União Soviética dizimou um terço da população dos alemães do Volga.[carece de fontes?]

Uma anistia foi declarada simultaneamente à autonomia do território, que acabou no entanto atingindo um número reduzido de pessoas. De acordo com a política da korenizatsiya, implementada na década de 1920 no país, o uso da língua alemã passou a ser promovido em documentos oficiais, e os alemães foram encorajados a assumir cargos administrativos. De acordo com o censo de 1939 existiam 605.500 alemães na região autônoma.

A invasão alemã da União Soviética, em 1941, marcou o fim da República Socialista Soviética Autônoma dos Alemães do Volga. Em 28 de agosto daquele ano Josef Stalin proclamou oficialmente um decreto de banmento que aboliu a república e exilou todos os alemães do Volga para a República Socialista Soviética Cazaque e a Sibéria, sob a alegação de que poderiam atuar como espiões para a Alemanha. Muitos foram confinados em campos de trabalho forçado simplesmente por sua origem étnica;[1] a república foi extinta formalmente em 7 de setembro.[1]

Com a morte de Stalin, em 1953, a situação dos alemães do Volga melhorou consideravelmente, e em 1964 um segundo decreto foi proclamado, admitindo abertamente a culpa do governo na abertura de processos legais contra inocentes, e exortando os cidadãos soviéticos a dar aos alemães do Volga toda a assistência possível no apoio de sua "expansão econômica e cultural". A existência de um Estado socialista alemão na Alemanha Oriental, uma realidade do mundo no pós-guerra, fez com que a RSSA dos Alemães do Volga nunca mais fosse refundada. A área faz atualmente parte do Óblast de Saratov.

A partir do início da década de 1980, e com maior intensidade depois da queda da União Soviética, diversos alemães do Volga emigraram para a Alemanha, aproveitando-se da lei alemã de retorno, uma política que concede a cidadania a todos que possam provar serem refugiados de origem étnica alemã, ou cônjuges e descendentes de tal pessoa.[2] Este êxodo ocorreu a despeito do fato de muitos destes alemães do Volga não mais falarem o alemão, ou terem apenas noções rudimentares do idioma. Muitos, especialmente a população mais idosa, ainda fala o dialeto alemão do Volga. No fim da década de 1990, no entanto, a Alemanha passou a dificultar o estabelecimento de russos de origem alemã no país, especialmente aqueles que não apresentam qualquer domínio dos dialetos locais.

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População

A tabela a seguir mostra a composição étnica da população da RSSA dos Alemães do Volga em dois determinados momentos de sua história:

Censo de 1926 Censo de 1939
Alemães 379.630 (66,4%) 366.685 (60,5%)
Russos 116.561 (20,4%) 156.027 (25,7%)
Ucranianos 68.561 (12,0%) 58.248 (9,6%)
Cazaques 1.353 (0,2%) 8.988 (1,5%)
Tártaros 2.225 (0,4%) 4.074 (0,7%)
Mordovianos 1.429 (0,3%) 3.048 (0,5%)
Bielorrussos 159 (0,0%) 1.636 (0,3%)
Chineses 5 (0,0%) 1.284 (0,2%)
Judeus 152 (0,0%) 1.216 (0,2%)
Poloneses 216 (0,0%) 756 (0,1%)
Estonianos 753 (0,1%) 521 (0,1%)
Outros 710 (0,1%) 3,869 (0,6%)
Total 571.754 606.352

Referências

  1. a b c d J. Otto Pohl (1999). Greenwood Publishing Group, ed. Ethnic Cleansing in the USSR, 1937-1949 illustrated ed. [S.l.: s.n.] pp. 29–37. ISBN 0313309213 
  2. Dietz, Barbara. "German and Jewish migration from the former Soviet Union to Germany: Background, Trends and Implications," Journal of Ethnic and Migration Studies 26, No. 4 (Outubro de 2000): 635-652.

Ligações externas

  • Vilas alemãs no vale do Volga
  • Mapa da RSSAAV em alta resolução