Ducado de Antioquia

Ducado de Antioquia
Província do(a) Império Bizantino
← 
969–1084


Ducado de Antioquia em verde pontilhado em 1025
Capital Antioquia
Líder Duque

Período Idade Média
969 Reconquista de Antioquia
1078 Conquista por Solimão I de Rum


O Ducado de Antioquia foi um território bizantino governado por um duque (dux) nomeado por e sob a autoridade do imperador. Foi fundado em 969 após a reconquista de Antioquia pelas tropas imperiais e existiu até dezembro de 1084, quando Solimão I (r. 1077–1086), do Sultanato de Rum, conquista a capital ducal.

História

O Ducado de Antioquia foi criado em outubro de 969, logo após a reconquista de Antioquia pelas tropas imperiais,[1][2] e seu primeiro duque foi Eustácio Maleíno, nomeado pelo imperador Nicéforo II Focas (r. 963–969), que exerceu ofício até o ano seguinte.[3] Sob a jurisdição do duque estavam todos os temas da Cilícia e Síria ao sul. Dentre eles estava o Tema de Tarso, com um efetivo de cavalaria, bem como outros que talvez também possuíam exércitos compostos por cavaleiros.[4]

Em 976, ano da ascensão de Basílio II Bulgaróctono (r. 976–1025), Miguel Burtzes, o reconquistador Antioquia, foi nomeado duque. Exerceu ofício por apenas alguns meses, até aliar-se com Bardas Esclero que estava em revolta contra a autoridade de Basílio. Em 989, Burtzes novamente foi nomeado como duque, função que exerce até 995, quando é removido pelas contínuas derrotas diante da investida árabe,[5] especialmente na Batalha do Orontes. O próximo duque foi Damião Dalasseno, que exerceu função até 19 de julho de 998, quando foi derrotado e morto por tropas fatímidas na Batalha de Apameia.[6][7]

Com a morte de Damião, Nicéforo Urano, um general que fez carreira contra o Primeiro Império Búlgaro,[8] foi nomeado para o posto de duque de Antioquia. Ao lado de Basílio, realizou uma série de expedições militares com o intuito de apaziguar a província, ao mesmo tempo que ajudou na expansão das fronteiras imperiais em direção a Tao. Como representante imperial, adquiriu plenos poderes de comando das tropas estacionadas na fronteira leste e, segundo um selo seu, foi nomeado como "senhor do Oriente".[9][10]

Após uma sucessão de duques poucos conhecidos, o próximo titular proeminente foi Constantino Dalasseno, filho de Damião Dalasseno, que ocupou o posto entre 1024-1025.[11] Em 1055, Catacalo Cecaumeno foi nomeado para a posição,[12] e mais tarde foi Niceforitzes (1061–1063), o futuro ministro do imperador Miguel VII Ducas (r. 1071–1078).[13] Em 1071, após a decisiva Batalha de Manziquerta contra os turcos seljúcidas, João Tarcaniota foi nomeado como o novo governador local.[14] Pelos próximos sete anos, Antioquia vivenciou uma série de sublevações populares, somente controladas por Isaac Comneno.[15]

Paralelo aos problemas em Antioquia, Filareto Bracâmio revoltou-se contra a autoridade imperial e assumiu o título de imperador com a morte de Romano IV Diógenes (r. 1068–1071), que fora derrotado em Manziquerta pelos seljúcidas. Em 1078, Nicéforo III Botaniates (r. 1078–1081), cede a Filareto o ofício de duque em troca de desistir da reivindicação imperial.[16] Ele foi o último duque de Antioquia, mantendo o posto até dezembro de 1084, quando Solimão I (r. 1077–1086), do Sultanato de Rum, conquista a capital ducal.

Lista de titulares conhecidos

Nome Mandato Nomeado por Notas Refs
Eustácio Maleíno 969 Nicéforo II Focas [3]
Miguel Burtzes 970 João I Tzimisces [17]
Miguel Burtzes 976 Basílio II Bulgaróctono [5][17]
Culeibe 977 Basílio II Bulgaróctono [17]
Ubeidalá 977-após 978 Basílio II Bulgaróctono [17]
Leão Melisseno 985/986 Basílio II Bulgaróctono [17]
Bardas Focas 986-987 Basílio II Bulgaróctono [17]
Leão Focas 987-989 Basílio II Bulgaróctono [17]
Romano Esclero (?) 990-991 (?) Basílio II Bulgaróctono [17]
Miguel Burtzes 989-995 Basílio II Bulgaróctono [17]
Damião Dalasseno 995-998 Basílio II Bulgaróctono [17][6][7]
Nicéforo Urano 998-1007/1011 Basílio II Bulgaróctono [9][10]
Pancrácio ? Basílio II Bulgaróctono [17][6][7]
Miguel Coitonita 1011 Basílio II Bulgaróctono [17]
Constantino Dalasseno 1024-1025 Basílio II Bulgaróctono [17][11]
Miguel Espondila 1026-1029 Constantino VIII [17]
Potos Argiro 1029 Romano III Argiro [17]
Constantino Caranteno 1029-1030 Romano III Argiro [17]
Nicetas de Misteia 1030-1032 Romano III Argiro [17]
Teofilacto Dalasseno 1032-1034 (?) Romano III Argiro [17]
Nicetas 1034 Miguel IV, o Paflagônio [17]
Leão Após 1037 Miguel IV, o Paflagônio patrício, antípato e vesta [17]
Constantino 1037/1038 Miguel IV, o Paflagônio [17]
Basílio Pediadita Antes de 1041 Miguel IV, o Paflagônio [17]
Estêvão Anos 1040 ? Vestarca [17]
Gregório Anos 1040 ? Vestarca [17]
Miguel Iasita Anos 1040 [18]
Miguel Contostefano Anos 1050 (?) [18]
Constantino Burtzes Antes de 1053 Constantino IX Monômaco [18]
Romano Esclero 1054 Constantino IX Monômaco [18]
? 1054-1055 Constantino IX Monômaco Proedro [18]
Catacalo Cecaumeno Antes de setembro de 1056 Teodora [18]
Miguel Urano 1056 - verão de 1057 Miguel VI, o Estratiótico [18]
Romano Esclero 1057 - 1058 (?) Isaac I Comneno [18]
Adriano Dalasseno 1059 Isaac I Comneno [19]
Nicéforo Botaniates Antes de 1062 (?) Constantino X Ducas [19]
Niceforitzes 1062-1063 Constantino X Ducas [19]
Beck/Beckd 1065 Constantino X Ducas [19]
João Reinado de Constantino X (?) Constantino X Ducas [19]
Niceforitzes 1067 Constantino X Ducas [19]
Nicéforo Botaniates 1067-1068 Miguel VII Ducas [19]
Pedro Libelísio 1068-1069 Miguel VII Ducas [19]
Chachatur Entre 1068-1072 Miguel VII Ducas [19]
José Tarcaniota 1072-1074 Miguel VII Ducas [19]
Catacalo Tarcaniota 1074 Miguel VII Ducas Curopalata e catepano [20][14]
Isaac Comneno 1074-1078 Miguel VII Ducas [19]
Miguel Mauricas Ca. 1078 (?) Miguel VII Ducas [19]
Vasácio Palavuni 1078 Miguel VII Ducas [19]
Filareto Bracâmio 1078/1079-1084 Nicéforo III Botaniates [19]

Referências

  1. Holmes 2005, p. 331–334.
  2. Whittow 1996, p. 354.
  3. a b Holmes 2005, p. 337.
  4. Treadgold 1995, p. 115.
  5. a b «Michael Bourtzes» (em inglês). Consultado em 20 de novembro de 2014  A referência emprega parâmetros obsoletos |língua3= (ajuda)
  6. a b c Trombley 1997, p. 270.
  7. a b c Holmes 2005, p. 349.
  8. Holmes 2005, p. 166-167.
  9. a b Magdalino 2003, p. 88.
  10. a b Holmes 2005, p. 350-351.
  11. a b Kazhdan 1991, p. 578.
  12. Kazhdan 1991, p. 1113.
  13. Kazhdan 1991, p. 1475.
  14. a b Kazhdan 1991, p. 2011.
  15. Kazhdan 1991, p. 1144.
  16. Finlay 1854, p. 50.
  17. a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v w x Nesbitt 2005, p. 21.
  18. a b c d e f g h Nesbitt 2005, p. 21-22.
  19. a b c d e f g h i j k l m n Nesbitt 2005, p. 22.
  20. Norwich 1997, p. 238.

Bibliografia

  • Finlay, George (1854). History of the Byzantine and Greek Empires from 1057 - 1453 (em inglês). 2. Edimburgo: William Blackwood & Sons  A referência emprega parâmetros obsoletos |lingua2= (ajuda)
  • Holmes, Catherine (2005). Basil II and the Governance of Empire (976–1025). Oxford: Oxford University Press. ISBN 978-0-19-927968-5 
  • Magdalino, Paul (2003). Byzantium in the Year 1000. Leida: Brill. ISBN 90-04-12097-1 
  • Nesbitt, John W.; Oikonomides, Nicolas (2005). Catalogue of Byzantine Seals at Dumbarton Oaks and in the Fogg Museum of Art: The East (continued), Constantinople and environs, unknown locations, addenda, uncertain readings (em inglês). Washington, Distrito de Colúmbia: Dumbarton Oaks Research Library and Collection. ISBN 0-88402-226-9  A referência emprega parâmetros obsoletos |coautor= (ajuda)
  • Norwich, John Julius (1997). A Short History of Byzantium. Nova Iorque: Vintage Books. ISBN 978-0-67-977269-9 
  • Treadgold, Warren (1995). Byzantium and Its Army, 284–1081 (em inglês). Stanford: Stanford University Press. ISBN 0-8047-2420-2  A referência emprega parâmetros obsoletos |lingua3= (ajuda)
  • Trombley, Frank (1997). «The Taktika of Nikephoros Ouranos and Military Encyclopaedism». In: Peter Binkley. Pre-Modern Encyclopaedic Texts: Proceedings of the Second COMERS Congress, Groningen, 1-4 July 1996. Leida, Holanda e Nova Iorque: Brill. pp. 261–274. ISBN 978-90-04-10830-1 
  • Whittow, Mark (1996). The Making of Byzantium, 600–1025 (em inglês). Berkeley e Los Angeles: University of California Press. ISBN 0-520-20496-4  A referência emprega parâmetros obsoletos |lingua3= (ajuda)