Conjunto convexo

Um conjunto convexo.

Em um espaço euclidiano, uma região convexa é uma região onde, para cada par de pontos dentro da região, cada ponto no segmento de reta que une o par também está dentro da região.[1] Por exemplo, um cubo sólido é um conjunto convexo, mas tudo o que é oco ou tem um recuo, por exemplo, uma forma crescente, não é convexo. De forma geral, em geometria convexa, um conjunto convexo é um subconjunto de um espaço afim que é fechado sob combinações convexas.[2] O limite de um conjunto convexo é sempre uma curva convexa. A interseção de todos os conjuntos convexos contendo um determinado subconjunto A do espaço euclidiano é chamada de invólucro convexo ou envoltória convexa de A. É o menor conjunto convexo contendo A.[3]

Uma função convexa é uma função de valor real definida em um intervalo com a propriedade que sua epígrafe (o conjunto de pontos no gráfico da função ou acima dela) é um conjunto convexo. A minimização convexa é um subcampo de otimização que estuda o problema de minimizar funções convexas sobre conjuntos convexos. O ramo da matemática dedicado ao estudo de propriedades de conjuntos convexos e funções convexas é chamado de análise convexa. A noção de um conjunto convexo pode ser generalizada como descrito abaixo.[4]

Um conjunto côncavo.

Um subconjunto X de um espaço afim é convexo quando todo segmento de reta ligando dois pontos de X está contido em X.

Ou seja:

x , y X ,   t [ 0 , 1 ] ,   ( 1 t )   x + t   y X {\displaystyle \forall x,y\in X,\ \forall t\in \left[0,1\right],\ (1-t)\ x+t\ y\in X\,}

Se o conjunto X não é convexo, diz-se côncavo. Em R {\displaystyle \mathbb {R} } convexo é equivalente a conexo, ou seja, os subconjuntos convexos de números reais são os intervalos (incluindo os unitários).

Exemplos

  • Espaços afins;[4]
  • Os sólidos platónicos;
  • Os segmentos de recta;
  • Os subespaços vectoriais de um espaço vectorial;
  • O conjunto solução para um número arbitrário de desigualdades lineares, tais como a α T b α , α I {\displaystyle a_{\alpha }^{T}\leq b_{\alpha },\alpha \in I} . Em particular, o conjunto solução de finitas desigualdades lineares A x a {\displaystyle Ax\leq a} para alguma matriz A {\displaystyle A} m × n {\displaystyle m\times n} é convexo e é chamado de poliedro;[4]
  • Uma ε {\displaystyle \varepsilon } -vizinhança X ε {\displaystyle X^{\varepsilon }} tal que X ε = { y : i n f x X y x ε } {\displaystyle X^{\varepsilon }=\{y:inf_{x\in X}\lVert y-x\rVert \leq \varepsilon \}} [4]
  • Todas bolas, abertas ou fechadas, no R n {\displaystyle \mathbb {R} ^{n}} .[5]

Combinação convexa

Uma combinação convexa de um conjunto de pontos z 1 , z 2 , , z n R m {\displaystyle z_{1},z_{2},\dots ,z_{n}\in \mathbb {R} ^{m}} é um ponto z R m {\displaystyle z\in \mathbb {R} ^{m}} que satisfaz

z = j = 1 n t j z j {\displaystyle z=\sum _{j=1}^{n}t_{j}z_{j}}
onde t j 0 , j = 1 n t j = 1 {\displaystyle t_{j}\geq 0,\sum _{j=1}^{n}t_{j}=1}

Por exemplo, para m = 2 {\displaystyle m=2} , o conjunto de todas as combinações convexas possíveis é o segmento de reta entre os dois pontos.[3]

Um subconjunto S  de  R m {\displaystyle S{\mbox{ de }}\mathbb {R} ^{m}} é dito convexo se, para cada par de pontos s S {\displaystyle s\in S} , S {\displaystyle S} também contém todos pontos do segmento de reta ligando tais pontos. Isto é, S {\displaystyle S} é um conjunto convexo se S {\displaystyle S} contém todas combinações convexas de todos seus pontos.[3]

Propriedades

Valem as seguintes propriedades:

  • X {\displaystyle X} é convexo se, e somente se, toda combinação convexa de pontos pertencentes a X {\displaystyle X} pertence a X {\displaystyle X} .[4]
  • Um conjunto não vazio que é a interseção de (talvez infinitas) um conjunto de conjuntos convexos é um conjunto convexo.
  • Se C {\displaystyle C} é um conjunto convexo e X {\displaystyle X} é uma variável aleatória que pertence a C {\displaystyle C} como probabilidade 1 {\displaystyle 1} . Então E [ X ] C {\displaystyle \mathbb {E} [X]\in C} .

Operações que preservam convexidade

  • Interseção: se C α , α I {\displaystyle C_{\alpha },\alpha \in I} são conjuntos convexos, então α I C α {\textstyle \bigcup _{\alpha \in I}C_{\alpha }} é convexo.[4]
  • Imagem de um conjunto convexo sob uma função afim: se C R n {\textstyle C\in \mathbb {R} ^{n}} é convexo e f : R n R m {\textstyle f:\mathbb {R} ^{n}\rightarrow \mathbb {R} ^{m}} é afim, então f ( C ) {\displaystyle f{\bigl (}C{\bigr )}} é convexa. Exemplos: se C {\displaystyle C} é convexo então C + x 0 {\displaystyle C+x_{0}} (translação de C {\displaystyle C} ) e α C {\textstyle \alpha C} (multiplicação por um escalar) são convexos.
  • Imagem inversa de um conjunto convexo sob alguma função afim: se f : R n R m {\textstyle f:\mathbb {R} ^{n}\rightarrow \mathbb {R} ^{m}} é afim e C {\displaystyle C} é convexo então f 1 ( C ) = { x : f ( x ) C } {\textstyle f^{-1}{\bigl (}C{\bigr )}=\{x:f(x)\in C\}}
  • Projeção: a projeção de um conjunto convexo sobre alguma de suas coordenadas é um conjunto convexo: C R m + n {\displaystyle C\in \mathbb {R} ^{m+n}} é convexo então Π = { x 1 R m : x 2 R n , ( x 1 , x 2 ) C } {\textstyle \Pi =\{x_{1}\in \mathbb {R} ^{m}:\exists x_{2}\in \mathbb {R} ^{n},(x_{1},x_{2})\in C\}} é convexo.
  • Soma de dois conjuntos
  • Produto cartesiano de dois conjuntos

Ver também

Wikilivros
Wikilivros
O Wikilivros tem um livro chamado Otimização/Elementos de análise convexa
  • Conjunto absolutamente convexo
  • Curvas e Superfícies convexas

Referências

  1. Morris, Carla C.; Stark, Robert M. (24 de agosto de 2015). Finite Mathematics: Models and Applications (em inglês). [S.l.]: John Wiley & Sons. ISBN 9781119015383 
  2. Bachem, Achim; Kern, Walter (6 de dezembro de 2012). Linear Programming Duality: An Introduction to Oriented Matroids (em inglês). [S.l.]: Springer Science & Business Media. ISBN 9783642581526 
  3. a b c Robert J. Vanderbei. «10». Linear Programming: Foundations and Extensions 2 ed. Nova Jersey: Princeton University 
  4. a b c d e f Guigues, Vincent. Notas de aula de Modelagem Matemática 3. FGV, 2018
  5. Lima 1981, p. 12, Teorema 2.

Bibliografia

  • Lima, Elon Lages (1981). Curso de análise, Volume 2. Instituto de Matemática Pura e Aplicada. Rio de Janeiro: Instituto de Matemática Pura e Aplicada 
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